sexta-feira, 31 de outubro de 2008

PARALELAS




Num acaso linear
Vidas retas, por instantes,
Cruzaram-se
Tornando-se perpendiculares
Formaram ângulos
Perceberam-se ângulos retos
Sentiram-se interligadas
Numa trigonometria clássica
Encontraram-se catetos
Num olhar mais atento
Descobriram-se opostos e adjacentes
Contudo, no resvalar do tempo
(Segundos de vida)
Vidas retas
Tornaram-se agudas, obtusas, turvas
E então...
Descruzaram-se
Vidas retas, agora paralelas...
Uma a acompanhar a outra
Lado a lado
Separadas pela trajetória da vida
Separadas pelo plano
Plano do desencontro
Plano da eternidade matemática.

Maria Cristiane Gomes
Outubro/2008
Camocim-Ce

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

MENINA


Menina Malina
Travessa, traquina
Brinca de bila
Joga de bola
Inventa sonhos
Deita e rola

Menina
Sonha acordada
Dança, gira
Brinca na praia
Solta sorrisos

Menina Malina
À noite não tem sossego
Suplica por cheiro
Briga por beijo
Quer aconchego


Maria Cristiane Gomes
Outubro/2008
Camocim-CE





sexta-feira, 10 de outubro de 2008

SAUDADE



NUM DIA TE QUERO
NOUTRO TE DESEJO
E ASSIM VOU SEGUINO
NESSE MEU DESASSOSSEGO



ÀS VEIS FICO ME ALEMBRANO
DE TU OIANO PRA MIM
TEU CORPO QUERENO MEU CORPO
NUMA PROCURA SEM FIM.
[E EU, COM MEDO DO TEUS CARIN]


ADISPOIS QUE FOI SIM BORA
SINTO SAUDADE
DAS TUAS MÃO NI MIM
DO TEU OIÁ CARINHOSO
E DOS TEU CARIN POR MIM


VOU PEDI PRA DEUS
QUEM SABE UM DIA ELE
SE ALEMBRÁ DE MIM
TRAZER OCÊ DE VOLTA
PRA ALEGRÁ MEU JARDIM.


E AÍ, VOU FAZÊ FESTA
DE TANTA ALEGRIA SEM FIM
MEU CORPO A TOCAR TEU CORPO
QUE NUM VAI MAIS FUGI DE TI


E DESSE DIA EM DIANTE,
NUNCA MAIS SEPARO DE TI
PORQUE SENÃO EU MORRO
DE SAUDADE SEM FIM




Maria Cristiane Gomes

Camocim-Ce

Outubro-2008









terça-feira, 7 de outubro de 2008

As sem-razões do amor



Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.


Carlos Drummond de Andrade